– Mãe cheguei! – grita Renato.
Caminha em direção ao corredor, passa pelo seu quarto, joga a mochila e para diante o quarto da mãe.
A porta está entreaberta: – Mãe.
Entra devagar, vê a luz vermelha acesa no chão.
Carmem deitada, com braços sobre o queixo, olha para uma vela acesa.
– Estou sentido a energia da fusão do calor da vela com a iluminação vermelha.
– Hã?
Preto não é negociável
Tá vermelho!
– Odeio. Prefiro o amarelo, é negociável.
– Também, prefiro o verde e o amarelo. Odeio vermelho.
– São suas cores preferidas?
– Sim, as cores de nossa bandeira.
– Por quê?
– Esperança e prosperidade! E a sua?
– Preto.
– Me lembra o luto.
– Eu luto por todas as cores.
Branco como uma folha
Branco…
“Azul, verde, laranja, vermelho”
Água, sol, ar, vento?
A chuva molha, as flores crescem, o sol seca, as folhas caem!
Azul: um pingo de gota;
Verde: de um folha que surge;
Vermelho: a força do sol;
Laranja: de uma folha enfraquecida caída no chão;
Preto.
Azul do Céu
O céu não existe. É apenas reflexo.
– Existe, estou vendo, é azul.
– Não está. É só uma sensação.
– Para mim o mar está prateado.
– Não está. Sensação.
– Eu vejo um paredão branco!
– Não é sensação.
– Está tudo preto.
– Não é sensação.
– Não vejo nada.
– É minha sensação ou não vejo nada?
-Não é sensação.
Oncinha é o novo rosa
Mariana, não se afasta de mim. Vem cá menina!
– Mãe, eu quero esse.
– É muito grande para você. Aí não tem roupa de criança, vamos em outra barraca.
– Ah! Eu tenho vestido rosa lindo para essa princesa.
– Eu não sou princesa, linda eu sou.
– Tem algum vestido que não seja rosa, rosinha. Ela gosta de cores fortes.
– Eu quero esse! Que lindo!
– Vestido de oncinha, filha.