A viúva Cliquot e as probabilidades de Mlodino

A viúva Cliquot e as probabilidades de Mlodino

Qual a probabilidade de uma mulher viúva, mãe de uma filha em período de guerra torna-se uma empresária de sucesso?

Com o livro “O Andar do Bêbado” de Leonard Mlodino descobri como o acaso pode influenciar nossas vidas. O livro apresenta diversas teorias sobre o estudo da probabilidade e estatísticas – não vou me aprofundar neste tema completamente fora de meu alcance. As histórias e casos apresentados por Mlodino são bem curiosos e nos dá uma aula de história da estatística e da matemática. Com um texto leve e exemplos que nos fazem entender os cálculos o autor nos faz perceber que nem sempre o que parece óbvio é certo. E com explicações matemáticas nos motiva a não desistir, e prova com seus cálculos que o sucesso está muito mais para a persistência que para habilidades específicas.

Especificando ainda mais a pergunta: Qual a probabilidade de um mulher, viúva, mão de uma filha, no século XVIII para o século XIX, empreendedora e com sucesso profissional existir neste mundo que se ainda é tão machista, imagina na França de Napoleão?

É a viúva Clicquot que surpreendeu a todos quando decidiu tomar conta de seus negócios após a morte do marido em pleno século XVIII! Ela encarou além da sociedade e seus padrões, a dificuldade de uma mulher sozinha criar uma filha, muitas instabilidade econômica e política no período napoleônico. Aconteceram diversas guerras, invasões, políticas externas que tornavam o negócio inviável.

É bom lembrar que a sociedade francesa aceitava que uma mulher trabalhasse ao ficar viúva. Era aceitável, afinal esta precisava sustentar a família mesmo com a morte do marido, e casar novamente nem sempre era opção, já que era mulher com filhos. O comum era essas mulheres terem trabalhos como costureiras ou administrando hospedagens. O caso de Viúva Clicquot era totalmente fora do padrão, comércio de vinhos, engrenando com champanhe e abrindo espaço no mercado internacional.

Está história é contada de forma leve pela historiadora Tilar J. Mazzeo no livro “A Viúva Clicquot – a história de um império do champanhe e da mulher que o construiu.” O livro retrata a história desta marca de Champanhe que iniciou do sonho de um jovem francês, François Clicquot recém-casado com Barbe-Nicole Clicquot.  Barbe-Nicole fica viúva aos 27 anos, contraria a tradição e dá continuidade aos negócios criado pelo marido. E faz muito mais ao transformar a marca em sinônimo de luxo e qualidade em terras inglesas e russas. Leia o livro e tenham uma surpreendente aula de empreendedorismo, de resistência, de desafios, produção de vinho e de história.

A história da Viúva Clicquot, nos mostra que mesmo com adversidades é preciso lutar pelo que ser quer. Mesmo que estejamos fora do padrão, que não seja “certo”, “bonito”, que a “sociedade” aprove. Se você gosta, se é importante para você, faça, faça para você e por você. Agradar os outros é consequência do trabalho e não causa. E como diz o ditado popular: “o único lugar que sucesso vem antes de trabalho é no dicionário”.

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