Por que escrever cartar?

Por que escrever cartar?

Hoje em dia que ninguém escreve mais cartas; apenas tecla, dá updates, bloga ou mais modernamente twitadas! Por que escrever cartas?

Esse hábito tão comum antes do advento do computador, tem até um ar áureo. Nossos parentes mais velhos sempre têm histórias para contar sobre a espera de uma carta, a leitura em família, em particular – ou aquela carta que nunca chegou. São famosas as cartas trocadas entre escritores, filósofos, artistas. As cartas trocadas entre Clarice Lispector e Fernando Sabino e “As cartas portuguesas”. Mas, esse hábito caiu em desuso.

Escrever cartas ficou no passado, virou histórias de nossos pais e avós. Será que um dia ficaremos ansiosos com o lançamento de um livro que revele a troca de mensagens eletrônicas entre personalidades?

Meu irmão, Paulo Érico Canarim, escritor, tem um trabalho baseado em cartas; retoma o prazer da escrita e a expectativa de receber uma. Como ainda não foi publicado, não posso falar mais sobre isso.

Recentemente li o “Tudo que eu queria te dizer” de Martha Medeiros. Nesse livro os personagens escrevem cartas. São cartas que possuem grande valor emocional, pois são escritas em momentos extremos da vida de cada um. A leitura é prazerosa, a cada carta uma emoção diferente, uma situação única. A vida de um pessoa apresentada em contos que transbordam em emoções. Martha Medeiros criou personagens independentes com histórias de vidas fantásticas e muitas vezes inacreditável.

Outro dia no Twitter a @SoninhaFrancine escreveu “Recebi uma carta muito legal. Carta mesmo, escrita a mão. Veio de um presidiário de Sorocaba, onde estive semana retrasada.” Cartas ainda podem e devem ser utilizadas como meio de comunicação. Imagina como foi importante para esse homem poder contar sua história ou mesmo reclamar da situação (sabemos das condições dos presidiários no Brasil) para a Soninha Francine que tem atuação política em São Paulo. Muito válido esse recurso.

Por que escrever cartas? Porque são também formas de comunicação, de interagir e de se fazer presente. As cartas ainda têm muito valor, sejam emotivos ou práticos, não devemos nos perder deste meio com uma plataforma que nos ajuda a pensar duas vezes antes de enviar e ainda exercitamos a letra.

Vamos escrever mais cartas e esperar que cheguem pelo correio…que sensação boa, abrir a caixa de correio e ter uma carta endereçada em seu nome…e não é conta para pagar ou propaganda.

Tudo que eu queria te dizer | Martha Medeiros | Editora Objetiva | 2007

Cartas perto do Coração | Fernando Sabino | Editora Record | 2001

Compartilhe