Este artigo apresenta como a evolução da sociedade contribui para um dos maiores sucessos na internet, a Wikipedia, enciclopédia livre. Um exemplo como a colaboração na web pode acontecer a partir de plataformas 2.0.
Vivemos uma época de transformação. A sociedade migra para era do conhecimento. Saímos da onda da indústria, passamos pela onda da informação, estamos quase na crista da onda do conhecimento e para onde está onda nos levará? Estas evoluções não são precisas e nem demarcadas e previamente sabidas, apenas percebemos que o mundo evolui de ondas estruturadas em agentes de força (era da agricultura e industrial) em que as condições físicas das pessoas determinavam sua participação no mercado. A evolução trouxe as ondas do cérebro, estruturados em agentes que pensam, criticam, analisam, produzem e compartilham. E produzem uma nova sociedade, que transforma informação em conhecimento. O conhecimento é mistura de experiências, valores e informações, tudo isto, dentro de um contexto. Com isto é possível analisar novas situações e informações e observar a si mesmo e assim se aprimorar, redirecionar em novas situações.
A sociedade do conhecimento junto com as novas tecnologias, em especial a Internet, favorece a interligação de empresas, países, culturas e principalmente pessoas. A Internet não é mais uma rede mundial de computadores, mas sim uma rede mundial de pessoas. Essa percepção transforma a realidade, criando expectativas diferentes e possibilidades infinitas de produção de conteúdo e compartilhamento de informação. Criando e estabelecendo redes sociais de trocas de informação. As redes sociais podem disseminar informação, produzir conhecimento e transformar pessoas que antes tinham determinado saber e descobrem novas possibilidades.
Redes sociais nada mais são que uma organização social feita por pessoas e para pessoas. Toda tecnologia envolvida são ferramentas que viabilizam nossa interação, independente de distância. Rede social, virtual ou real, é a nossa forma de compartilhar conhecimento, músicas, livros, emoções. A evolução está nas pessoas e não nas máquinas, não dependemos de tecnologia para sermos produtores de conhecimento.
Não podemos esquecer que tecnologias, computadores e mídias sociais são meras ferramentas, e devem ser usadas como tal. São as pessoas que as valorizam com sua credibilidade, inteligência participativa e vontade de ouvir. A rede acontece muito em torno da relevância. A relevância agrega. E aqui novamente voltamos às pessoas. O sucesso de qualquer rede ou ferramenta vai depender da qualidade do entrelace das pessoas envolvidas. Para tanto a comunicação é fundamental independente das ferramentas.
Neste contexto, há a Wikipedia, a enciclopédia livre que cada um pode editar, assim definida por ela mesma.
O desejo de ter o conhecimento organizado e de fácil acesso vem desde à Antiguidade. Mesmo antes da invenção da escrita a preocupação em preservar dados e informações já existia através da oralidade com os guardiões de arquivos que eram chamados de recordadores. Já com o advento da escrita o exemplo mais famoso sem dúvida foi a Biblioteca de Alexandria criada no século III a.c. e destruída por um incêndio acidental por Júlio César, durante o Império Romano.
Uma das tentativas de se criar uma enciclopédia na internet foi com o projeto de Jimmy Walese Larry Sanger com a Nupedia fundada em março de 2000. Mas com o grande volume de informações a serem analisados por profissionais ficou inviável sua atualização.
A ideia de uma enciclopédia na internet decolou com a utilização do software Wiki, que permite a colaboração de pessoas fora do projeto. Então, em 15 de Janeiro de 2001 foi lançada a Wikipedia e até hoje já foram editados 14 milhões de artigos em centenas de línguas e dialetos (622 190 artigos na versão em português). A Wikipedia se mantém por doações dos voluntários e tem apenas 35 funcionários que não se envolvem com a produção de textos. Segundo a Consultoria Alexa.com a Wikipedia é o sexto site mais visitado no mundo.
Como todo sucesso a Wikipedia também sofre com as críticas. A enciclopédia digital, MSN Encarta (já encerrada) pertecente a Microsoft criticou a Wikipedia por esta ter seu verbetes editados por qualquer pessoas e sendo vulnerável a informações corretas. Assim como a Enciclopédia Britânica, uma das maiores e mais respeitadas do mundo também não reconhece o valor da Wikipedia por não ter profissionais especialistas em cada verbete para legitimar as informações.
O Jornal Científico Nature fez um estudo comparativo entre a Enciclopédia Britânica e a Wikipedia e o divulgou em 14 de dezembro de 2005. Apesar das críticas e o não-reconhecimento por parte da Britânica deste estudo, por não considerar alguns itens como erros – foram avaliados erros factuais, omissões de crítica e declarações mal interpretadas – foi apresentado os seguintes dados: A Britânica apresentou em 42 artigos avaliados 123 erros em média a cada 2.92 artigos. E a Wikipedia com os mesmos 42 artigos avaliados obtve 162 erros em média a cada 3.86 artigos.
Os dados apresentados apesar de considerados imprecisos pela Enciclopédia Britânica, demonstra que a Wikipedia tem precisão comparável com as grandes enciclopédias atuais. Sendo a Wikipedia o maior exemplo de um projeto de colaboração a partir de plataformas que utilizam o conceito de web 2.0 e transformou-se na maior enciclopédia de acúmulo de conhecimento do mundo. É a maior reunião de conhecimento livre.