Eu sou bookaholic?

Eu gosto de livraria e gosto muito do objeto livro. Quando vou a uma livraria, passeio pelas estantes, folheio livros. Se tiver um café, esqueço da hora, da vida e do valor do cartão de crédito no final do mês. Saio satisfeita com os livros folheados, com leitura iniciada, alguns anotados para futura compra e alguns exemplares comprados. Sei que livro é investimento, mas este precisa ser controlado, é preciso também cumprir compromissos bem menos prazerosos,  porém sem saída.  Já contei aqui uma tarde dessas na livraria, ainda quando morava no Rio.

Volto ao tema livraria e livros, agora por outro motivo, uma preocupação minha. Os livros vão acabar? As livrarias vão fechar? Esta minha preocupação veio depois de alguns episódios. Primeiro o fato de descobrir que gosto tanto de livraria que mesmo sabendo que o livro que quero está mais barato na internet, compro na livraria – se a diferença for pequena, algo em torno de 10 reais – para valorizar a livraria e sair já com o livro nas mãos.

Comprar pela internet é frio. Eu gosto de folhear, ler contra-capa e a orelha, trocar ideia com o livreiro, se tiver sorte, ou mesmo com o vendedor. Em algumas livrarias não há apenas vendedores de livros, mas pessoas que conhecem e sabem o que está sendo vendido.  Um episódio: comprei um livro na livraria pois estava apenas 2 reais mais caro que o preço na internet. Estou lendo, adorando e já fiz muita propaganda dele. O que descubro, o livro pela metade do preço na internet, mas precisamente na Americanas.

Vou mesmo ter que aceitar as previsões sobre o fim das livrarias? Há cerca de 1 ou 2 meses assisti um programa com a Heloisa Buarque de Hollanda (Espaço Aberto – Globo News) e ela entre outras coisas interessantes falou que a livraria como espaço de venda de livros ia sim ter que se reinventar. Ela não acredita no fim completo do livro, mas numa mudança radical na profissão de livreiro.
E venho pensando nisso. Um dos livros que meu irmão, Paulo Canarim, está lendo agora é Cauda Longa de Chris Anderson. Está empolgado, cita o livro o tempo todo, a cabeça fervilha. Ele, meu irmão, está nesse negócio de internet há 10 anos e fica entusiasmado em ver muitas de suas ideias ali no livro. E agora tem respaldo para continuar. Não é mais um louco em acreditar na internet.

Ops! Mas não é o comércio na internet que vai acabar com as livrarias? A famosa cauda longa, onde não existe limitação para vendas. No espaço físico, é preciso atender a grande demanda por best sellers mas no mundo virtual há espaço para todos, é o mercado de nichos.E foi pensando nisso que que lancei no fórum da rede Dias Digitais uma questão: os livros vão acabar e as livraras?

Cada vez gosto mais da rede criada e coordenada pela Graça Taguti. Com a participação de Oscar Ferreira,  Graça Taguti, Dhouglas da Silva Carvalho, Anamaria Modesto Vieira, Carla Crispim Rosa. Aprendi muito sobre as mudanças no mercado com o avanço da internet e a comercialização via web. Oscar Ferreira deu aula de como a economia está sendo alterada com mudanças de comportamento tanto do consumidor quanto da empresa. Com a explicação do Oscar descobri que sou uma leve Bookholics, digo assim por não ter muito livros em casa – repasso, já doei muito livro – por  problema de espaço. Esta questão foi lembrada por Dhouglas e muito bem colocada com a questão “que o átomo ser tornará um valor simbólico na nossa cultura” e cita o Carlos Nepomuneno, estudioso da Gestão do Conhecimento. Com a Graça aprendi a palavra Tatilidade, em que a sensação do tato faz a diferença nessa necessidade de ter o objeto livro. Com Anamaria e Carla falamos sobre o audio-livro, concordamos que o áudio é dispersivo, e que ainda terá livros e livrarias por um bom tempo, por a internet estar longe de ser acessível a todos em nosso país.

E assim com esta troca de informações adquiri a certeza que uma das minhas diversões está assegurada: escapar do trabalho no meio da tarde e fazer um passeio por livraria, tomar um café, comprar livros; e  depois voltar para a rotina revitalizado.

As livrarias físicas vão se tornar um ambiente de nicho. Não vai ter livraria oferecendo livros como os best sellers, terá sim, aquele exemplar quase que único de Cora Coralina, a edição limitada do livro de Monteiro Lobato, livros de artes. E claro, serão ambientes diversificados, com música, palestras, boa gastronomia e o que a criatividade e poder de inovação do mercado livreiro permitir.

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