Escrever e livros para guardar

Escrever e livros para guardar

Será que José Saramago tem razão? Difícil não aceitar uma opinião assim, de um Nobel. Saramago disse há poucos meses que “A prática do blog levou muitas pessoas que antes pouco ou nada escreviam a escrever. Pena que muitas delas pensem que não vale a pena se preocupar com a qualidade do que se escreve”. Sabe que concordo, discordando.

Não é por que está na web que pode-se escrever sem cuidado, sem atenção a língua. Considero isso um desrespeito, e se vejo erros grosseiros não volto. Acredito, mesmo num ambiente descolado e informal como a internet deve haver respeito, atenção e correção. O que não impede de cada um ter o seu jeito para blogar. Escrever sem dúvida é prática, exercício diário. Quanto mais escreve melhor seus escritos ficam. Então que assim seja, vamos escrever, quanto mais e um dia podermos ouvir e dizer que na internet há qualidade literária.

Semana passada fui a uma palestra sobre literatura e web. Na verdade pouco se falou sobre isso: o que, como, estilo e literatura na rede. Foi mais uma apresentação do selo @Download da Editora MultiFoco. Este novo segmento da editora visa lançar livros a partir de blogs.

O que me chama atenção é que apesar de estar publicado na rede, ainda sim, todos querem no formato livro, impresso, com capa e texto de orelha. Presentes na editora havia alguns blogueiros; o próximo lançamento da editora será o livro Controle Remoto de Felipe Neto, um garoto de apenas 21 anos cujo blog possui 15 mil acessos diários. É muita gente!

Será que isso é uma tendência das pessoas desejarem mais que se comunicar ou interagir. Tem que sair do virtual para o real para poder ser consumido e principalmente, ser adicionado a categoria de objetos guardados.

A preservação de memória passa pelo objeto, pelo material físico, pelo impresso; é assim que guardamos nossas lembranças, temos o mundo em nosso HD, no endereço de um site, ou no Google; o que desejamos, temos afetividade, estão guardado perto de nós, mesmo que seja numa caixa de papelão em cima do armário. Assim são nossas lembranças.

E falando em blog que vira livro, já foi lançado o “Caderno de Saramago”; acompanho o blog do Saramago, mas não li o livro, quando o fizer conto aqui.

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